domingo, 23 de fevereiro de 2014

Harpa não é brinquedo

Da janela do museu de intrumentos musicais em Bruxelas eu vejo um dos movimentos de um anjo paralisado no concreto. Pergunto-me que dança ele fazia. As paredes dos prédios formavam longos degraus com pouca diferença de altura entre eles. Emolduravam o meu olhar até a parede de um prédio mais alto. Cortei a cena ali. O céu ambientava o contexto de uma maneira serena que tingi com um filtro azulado para evidenciar o sol que saía tímido de trás das nuvens. Estava feliz, queria ver o espetáculo, mas havia algo de mórbido na outra cena da fotografia. O céu ensolarado e coberto de nuvens não combinava com aquelas cores frias. E não era para combinar. A dança daquele anjo congelada no concreto me trazia uma inquietude que atravessava o vidro do museu de instrumentos musicais. Tive a impressão de parar antes do refrão e não poder escutar o resto.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quantas vezes vi seu nome
Me seguindo nu pela calçada
Ontem a dor, hoje a fome
Te dizendo que não tens mais nada

Seus amigos, aonde se escondem
Estão perdidos pela mesma estrada
Os mesmos gestos noutros homens

Vivendo um ciclo ou uma cilada