sábado, 1 de agosto de 2015

Dialogir-se

Se Kafka fosse nosso contemporâneo daríamos um bom livro
Um sonho dentro de um sonho
Muitas metamorfoses em mim
Me senti muitas vezes invadindo o teu mundo
De repente eu
Calada, transitei por seus espaços, os mais distantes e labirínticos
Entreguei-me

Tenho os seus olhos doces me pedindo troca e mais nada
Dei o que eu tinha
E, ainda assim, transbordamos
Escorremos de vontade

Sinto a sua pele ereta
Seu toque
Lembro-me dos seus montes
Seu cheiro
Ainda moro neles
Me perderia em você
Volto aos seus olhos
Fonte cheia esperando a sede
Estes que são rios que bebo e beijo as àguas para dividir amor e dor

Pausa
Em fermata
Seu silêncio é casa cheia
Para perdurar
Eu estou aqui
Ao seu dispor e em plena busca
Quero o teu grito mais alto, teu choro, os teus cantos... todos eles!
As quinas e as vozes

Te levei na estrada, vento!
Tateando as flores pelas curvas e ladeiras
Teus montes ficaram no caminho e eu também os trago nas mãos, nas pontas dos dedos.
Suaves
Até os passarinhos cantaram uma canção de despedida e anunciaram nossos voos.
Rotas outras, trocas loucas, poucos refrões

Nova pausa.
Sinto vontade de me demorar em nosso abraço
Nos vejo em uma casinha-saudade que fica em duas cidades
Aconchego, poucos móveis, telhas de barro, sem número
e se chama você.
É bom brincar de sonhar nossa casa
Talvez lá...
- Par... - Ímpar
Qualquer amor seja possível...
Ganhamo-nos
"e eu ainda nem sei se acordei".