domingo, 27 de fevereiro de 2011

Our love will be forever!

Ainda guardo sua camisa,
E ela ainda guarda um pouco do seu perfume...
Lá no fundo, essa camisa me lembra como eu errei com você,
Como desperdicei um amor verdadeiro
Para me enfiar numa fossa de desilusão
Desculpe meus erros.
Não foi por maldade, acredite!

Você ainda me surpreende,
Mas não tenho mais como surpreender você.
Sempre espera mais de mim do que o que tenho a oferecer.
Seus olhos são tão belos, tão doces.
Parece que se apaixonou por seu próprio olhar.
E eu sou apenas o reflexo do amor que quer dar.
Não mereço ser o seu olhar! Você não merece amar-se somente a si!

Não quero errar de novo;
Não com você.
Sabe que não costumo praticar essa tal renúncia.
E que me perco facilmente em meus desejos.
Essa tal interdição me alucina.
O "não" me instiga mais que o "sim".
E o amanhã parece melhor incompleto.

Toda vez que acordo de manhã
E vejo que o sol brilha intensamente lá fora
Penso que ainda não está quente o suficiente
E que eu não me refresquei o bastante ontem.
O céu é o limite.
E quando eu chegar ao céu ele não mais será o limite.
Porque adoro viver.

Amo mais à vida que ao medo da morte.
E você me quer ter.
Não posso ser sua. Não sou minha.
E esse "eu" que (não) me possui é tão rebelde.
Não consigo domá-lo assim facilmente.
Acredite em mim.
Não é por maldade.

Amo muito você. AMO!!!
Mas amo mais ao céu,
E, mais que ao céu, ao firmamento,
E, mais que ao firmamento, ao que não conheço.
E, mais que ao desconhecido, às possibilidades.
E cá estamos nós
Procurando um amor eterno.

Não se preocupe.
Nosso amor será para sempre!
Mas continue procurando.
Podemos nos encontrar outra vez.
Um reencontro entre desconhecidos.
Da última vez que nos vimos percebi que não éramos os mesmos.
E gostei de te conhecer de novo.

Aliás,
É sempre um prazer te re-conhecer!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aos invisíveis

Experimente ficar um dia sem ver pessoas, a princípio achará estranho, quem sabe até bom. Parar um pouco, respirar, encontrar-se consigo...
No outro dia, quando sair de casa, você vai ficar muito mais feliz quando encontrar pessoas.

Experimente então ficar vários dias sem ver pessoas. Passe no mercado e compre um pouco de tudo do que precisaria caso estivesse só num naufrágio. Água, comida, produtos de limpeza e higiene pessoal, um livro, etc...

No primeiro dia aquela sensação boa de conhecimento próprio o acompanhará, no segundo a dúvida, no terceiro pode ser que você já esteja se sentindo só: começa a querer desistir, mas persiste. No quarto você não aguenta mais seu quarto, sua sala, seu banheiro. Já colocou a casa em ordem, tem "tudo" o que precisa, mas falta alguma coisa. Recorre ao computador tentando fraudar o combinado, mas não adianta. O telefone só piora a situação...

Sexto dia. Parece que já se passou um ano, sente-se até mais magro, com aspecto de doente, mais branco. O sol janela a fora parece zombar de você, mas não zomba. Você entendeu errado, ele está te convidando para sair às ruas. Mas você não pode, na rua tem pessoas.

Lá pelo décimo oitavo dia é impossível conter os eus dentro de você. Está cansado, triste, deprimido, sem vida. Precisa encontrar alguém.
Inventa uma dor no olho para ir à farmácia comprar um remédio que não tinha em casa. Segunda tentativa de fraude.

Estranho!
Sai de casa como se tivesse feito algo errado. Ninguém no corredor. Ufa, ainda estou no jogo. Ninguém no elevador. É! Estou conseguindo. Ninguém na portaria? Como assim? Onde está o porteiro? E a porta ainda está aberta. É bom sair antes que ele volte, deve estar no banheiro. Ninguém nas ruas, só alguns carros estacionados. Já não está feliz em estar no jogo. Dobra a esquina e a farmácia está fechada. Domingo, é isso.

Uns passos a mais e já está indo para a praia. Desistiu da brincadeira, não entende o que está acontecendo, quer ver pessoas. Dobra outra esquina e vê a orla azul e solitária, sem alma capaz de anunciar vida naquela imensidão.
Repara os cantos da cidade, os muros pichados, as casas estragadas, o lixo nas ruas, o cheiro da maresia. Para onde foram todos?
Já na faixa de areia as lágrimas são incontíveis. Restou você no mundo. Procura resposta no horizonte, nas pedras, no firmamento. Por quê? Como?

Em frente às ondas o cansaço vence e você adormece na praia, triste, deprimido, solitário.
Começa a chover. A água respinga em seu rosto e você acorda assustado vendo que a goteira da sua janela ainda vaza. 
Era um sonho!!!! 
Sem escovar os dentes ou trocar de roupa sai de casa correndo desesperadamente.

Ninguém no corredor.
Ninguém no elevador. 
Ninguém na portaria.

Como assim? Onde está o porteiro?
-Estou aqui senhor Carlos, bom dia.
- Bom dia Sr., Sr, Sr.
Quatro anos depois de ter me mudado, e hoje descobri que não sei o nome de nenhum dos porteiros.

Agora que você já sabe como é ficar alguns dias sem ver pessoas, imagine como é ficar alguns dias sem ser visto? E alguns anos? E uma vida? 
É bom parar um pouco, respirar, encontrar-se consigo mesmo... a princípio achará estranho, depois de algum tempo, quem sabe até bom.
No outro dia, quando sair de casa, você vai ficar muito mais feliz quando encontrar pessoas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

χορός

A mim não importa o que você faz de eros,
Contanto que você faça com eros.
Com o tempo, você aprende que "fazer com" é muito mais do que tolerância.
Vai além do reconhecer e se deixar acompanhar.
Parece-se com uma espécie de mutualismo.
E, ainda que sob a 'práxis' de um mutualismo utilitarista,
Estando com eros, ele o mostrará como se faz,
E aí já não importa mesmo o que você faz de eros,
Pois, já será diferente: objeto, forma, método...
E não só as consequências serão outras, como o "como" elas se tornaram consequências também.
Não se preocupe, depois você descobre o porquê.
É um conselho de quem te deseja pulsão de vida.
Convide eros para uma dança, ainda que não saiba dançar.