terça-feira, 22 de novembro de 2011

Será que eu volto?

Divaguei devagar
Devaneio escorrendo lento
Pela imaginação...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Em cantar

Aprendi a não esperar certezas para me atirar nos abismos mais fundos,
Enquanto isso, perdi mergulhos incríveis e salvei-me de vários desastres.
Percebi que não vale a pena arriscar por arriscar,
Mas que vivendo sem riscos não se rabisca nem a história mais banal,
E não por isso menos bela.
Mas arrisco
E temo.
O medo alimenta, renova e me dá a chance de comemorar com mais fervor quando sobrevivo a cada investida.
Ressonante.
Fotografo as paisagens na mente
E valorizo mais a vida quando me aproximo da morte.
Hoje elas me seduzem com igual encanto,
E é só o que desejo,
Partir encantada.

Um grande evento.

Percebe... que o campo é vasto e longo?
Daria para fazer aqui um grande evento.
Busquemos as esteiras.
Vamos estendê-las na horizontal
E formar um grande círculo
Do lado de fora ponhamos flores,
Do lado de dentro uma grande fogueira.
Não, se as chamas subirem muito alto não poderemos nos ver
E haverão muitas pessoas
Porque será um grande evento.
Mudemos então,
As chamas nos rodeiam por fora,
E as flores ficam no centro
Pétalas de todas as cores
Para combinar com os diversos sorrisos
Das muitas pessoas.
Preservaremos sempre o solo
E o máximo de sorrisos.
Talvez precisemos de mais luz,
A lua anda tímida,
E será um grande evento.
Precisamos do frescor da noite
E as chamas aquecerão por demais o campo.
Já sei,
Façamos um lago entre as chamas e as esteiras,
Com uma ponte de bambus e estacas que nos liguem ao centro de flores
O reflexo das chamas nas águas nos dará a luz necessária
E poderemos aproveitar o hálito da madrugada.
Estamos combinados,
Convide todos os seus amigos
E avise aos inimigos sem convidá-los
Estarei em casa cuidando dos preparativos
Para o nosso grande evento
Os que vierem antes da data
Ficaram desde então para a festa
Os que chegarem no dia comemorarão
Farão canticos e danças como melhor lhes ocorrer
Cuidarei de providenciar instrumentos percussivos,
Serão grandes tambores de couro por sob as flores
Como aqueles espalhados em campos mais tristes
E será um grande evento
Com água, ar, fogo e flores ao chão
Celebrando a vida e seus contrastes.
Um grande evento.

Um laço diferente: o elo!

Temo sentir-me velha ou aproximar-me da morte ao dizer essas palavras, mas parece mesmo que a vida se complica por nossos desejos de seguir retas alheias sem sequer saber se gostamos das retas. 
Sinto que complicam os caminhos com uma necessidade desmotivada de seguir estanque, marchando e sem muitos sorrisos. Julgam estranho o homem que prefere duas janelas a duas portas e não tem nada que explique esse desapreço a não ser uma convenção anterior que nem nos faz sentirmos melhor. 
Não obstante a quantidade de janelas ou as formas de percorrer o caminho, pior tornaram-se as escolhas dos caminhos, famigeradas decisões prevendo aptidões pre-inexistentes para a manutenção/alcance desesperad@ de um status quo compartilhado por pessoas que nem são admiradas pelo caminhador. 
O semblante da vida sorri menos tenso quando simplesmente saltam janelas e correm em zig-zag criando um próprio conceito em caminhos indeterminados.
E é mais do que loucura, é paixão por viver. Os suspiros desdobram-se uns sobre os outros acariciando-se em movimentos circulares e não muito velozes. É o viver pedindo licença para se esparramar por entre as carnes. Os poros se elevam saudando a sensação de desconhecer as retas. Agradecendo a sua resiliência clamam em cortejo por sobre a pele: viva! Que suporte! Viva! Para além dos suportes!
Um aplauso sem fim a esse ser tão irreverente, incompreensível aos olhos mais atentos e de aguçada visão, mas perceptível ao tato sensível do cego que faz um lindo laço sem nó.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A ponte (Por Matheus Cunha)

A razão da loucura não me escapou aos dedos;
fez-se real do que não fora realizado.
Alegria triste de ter em plenitude por não ter nada.
Amor que é fantasia para ser de verdade.

Enquanto estiver aí, aqui me oriento;
E me perco, pra achar a cor do teu sorriso.
As cores desse sonho não cabem na realidade,
mas não escapam aos meus dedos, órfãos dos teus.

              Por Matheus Cunha em http://mat-cunha.blogspot.com/

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Aprendizes do poder


O poder engana a gente.
Tem horas em que eu acho que não posso,
Mas posso muito mais.
E eu posso tanta coisa,
Que, de repente, eu nem posso e não sei.
E vou podendo, sem poder,
Não podendo quando posso,
E correspondendo ao poder, também.
Prefiro, contudo, quando acho que não posso
E verifico que podia.
O segredo é sempre tentar
Podendo sempre aprender com a tentativa.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Correr

Na minha cidade tinha um garoto que corria
porque sabia o trabalho que dava parar e começar de novo.
Ia sempre no embalo
E tinha medo de ter que parar.
Não gostava do impulso inicial,
Desprendia muita energia,
Cansava.
Preferia correr sem ter que parar
E aproveitar essa energia para estar sempre mais longe
Do começo.
Percebi que fugia
E que não importava o onde, o de, nem o para,
Importava o como
E tinha que ser correndo.
Fugia da forma, da fôrma.
Queriam que ele andasse, que ele parasse, que ele dormisse,
Mas ele queria ser livre,
E o era correndo...

O que o vazio me deu

E restou-me um vazio tão cintilante
Que eu salivei pensando em suas incertezas
Viajando em suas curvas sem fim
Que davam em lugar nenhum

Fui percorrendo seus descaminhos
Descobrindo em suas ruas encobertas
Sentidos nunca antes desvendados
Pelos amigos da razão

Corri trechos invencíveis
Com a fúria de um menino
E por fim cheguei
Onde nunca imaginei estar

Eramos a estrada e eu
Avaliando as direções
Buscando mais incertezas
Pelo prazer inerente da busca

Agradeci pelo vazio
Com tudo aquilo que ele me preenchia
A infinitude de possibilidades
A plenitude do preencher-se

Onde mora a mentira?

Meu compromisso é com uma verdade que nem se diz honesta,
Não sabe onde habita,
Mas reconhece um lar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Olhos calados

Seus olhos não me dizem mais nada.
Que triste!
Brilham angustiados,
Tentam falar e não conseguem.
Você os calou a força
E parece nem saber por quê.

Carinho inusitado

Um carinho assim inusitado
deixa o corpo acanhado,
ouriçado e querendo mais...
Ele estava quieto,
desiludido, desacreditado,
Mas um carinho assim, inusitado
Deixou confundido
O coração já tão confuso
Que não sabe de si
E só faz acreditar no amor.

Take care

Coração estava adormecido,
Bastou um carinho seu
E ele despertou...
Parece que não aprende,
Vive sempre assustado,
Ancioso,
Esperando um novo amor...