segunda-feira, 30 de maio de 2011

Correspondência a um amor não correspondido...

A dor ao peito toma
Sofrimento apavora
A emoção inesperada
Já visita todo dia
Será que por ironia
Vestimos esta fantasia?
Maldita obsessão...

Apaixonou-se.
Mas não lamente; não chore.
E, por favor, nada de masoquismos.
Não te quero ver sofrer.
Sei como dói essa dor.
E espero mesmo que passe.
O mais rápido que puder.

Recebi sua mensagem,
E não sei bem o que dizer,
Não posso corresponder.
Sofremos de um mal parecido.
Eterna quadrilha.
Amo outra pessoa...

Também não sei amar tanto a alguém e não viver esse amor.

Eles não querem anistia...

Fernando, sociólogo...
Mas não é qualquer Fernando, é o FHC,
se seu nome primeiro fosse Túlio,
teríamos outro princípio ativo... Como mostraram na Paulista.

Poderia ter sido o Teodoro, do açougue; ou Teobaldo, deputado; ou Tereza, da escola; Tomás, da empresa; ou Taís, do banco; Ticiana, artista; Tatiana, do hospital; Tony, da fazenda; Tenório, da venda... E para cada um o seu cada qual...

E é assim que é,
a interpretação e seus (des)encantos.

É proibido fumar,
É proibido falar,
É proibido permitir,
"É proibido proibir"...

Quem diria, FHC.
Pela legalização do THC.

Eles vão continuar decidindo por nós?
Decidindo quem são os vilões,
Fazendo-se de heróis,
Enganando as populações.

Virou marcha da liberdade.
Eufemismo disfarçando a brutalidade.

Quem diria um dia eu dizer,
Parabéns FHC.
Mesmo sem confiar em você...

É preciso discutir
Isso tudo que está aí.

É bom, perder o medo de pensar.
Olhar dentro da gaveta e ver que o diploma envelhece.
Olhar pra trás e ver que o amanhã é a gente que tece.

Sina em sonho.

Escrevi o nome dele em meu caderno de orações,
Um anjo disse: que lindo!
E se despediu sorrindo.

O que ele sabe que eu não sei?
Só sei amar aquele menino.
Teimoso, traquino.

Veste uma espessa couraça.
Traz no peito um escudo.
Vez em quando fica mudo.

Só sua voz para me acalmar essa noite.
Como não pude escutar
Lá vem a madrugada me angustiar.
 
Deixa eu dormir, meu bom anjo.
Ele me espera no sonho.
Chega de tanto desencontro.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu, andarilho.

Quixote e o moinho,
Robinson e a solidão,
O amor e eu.
Nada além das borboletas que não me visitaram nesse verão.

Ofereço o corpo à tempestade,
A vontade à deserção.
A mente ao abandono,
A luz à escuridão.

Rompe madrugada certeira,
Estranha harmonia.
Ourubos...
São os lábios da nostalgia.

Beijaram-me essa noite.
O copo vazio ao lado da cama,
A brisa calma pela janela,
O silêncio do quarto.

O corpo vazio em cima da cama
Brincando de lembrar por querer esquecer
Não adiantou a bebida,
Não adiantou a TV.

Corre, esperança.
Diz que não perdemos o trem.
Que saiu de manhazinha,
Na hora em que eu peguei no sono.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sensacionalismo.

A gente sonha tanto sonho bonito
Com tanta cor
Com tanta gente que a gente gosta tanto
Aí acorda, liga a televisão e ela leva tudo embora...

Poesia corbinatória

     A análise combinatória é um recurso matemático que permite a construção de diferentes grupos formados por elementos em combinações diversas. Arranjos, permutações e combinações são os três tipos principais de agrupamentos. 
     Nesse poema, o recurso utilizado é o da permutação simples em anagrama circular. A ideia é simples, consiste em fazer uma construção poética com os possíveis arranjos entre quatro elementos distintos, demonstrando suas possíveis organizações dentro de um enunciado que promova um sentido/sentimento. Nesse caso um 4! (quatro fatorial), que significa dizer 4 x 3 x 2 x 1 = 24 possibilidades. 
     Os elementos podem ser os mais diversos possíveis, com ou sem repetições, a depender das pretensões. É interessante tentar brincar com verbos, adjetivos e sujeitos que proporcionem uma (i)lógica, por exemplo, no caso em tela utilizarei "um monte" como peça fixa e integradora, e "ideia", "cabeça", "gente" e "coração" como peças móveis a fim de nomear o pensamento e o sentido.
     Poderia fazer uma poesia sobre o preconceito de classe e/ou cor utilizando os termos fixos "agrada" e "desagrada", e os termos móveis "preto", "branco", "amarelo", invisível", ou "rico"/"pobre" como termos móveis, ou ainda, poderia construir uma poesia de gênero hetero/hohoafetivo utilizando os termos fixos "em cima", "ao lado", e os móveis, com repetição "homem", "mulher", para gerar novos sentidos. Ou ainda uma poesia erótica utilizando os termos "o(s)/a(s)", "no(s)/na(s)", "olhar", "boca", "mãos", "sexo", e por aí vai...
     As possibilidades de variações e repetições de termos dão sentidos diferentes às frases e enriquecem as possibilidades que são múltiplas. É só usar a criatividade e criar... tente! Faça você mesm@ a sua poesia "corbinatória". Observe que a disposição das cores equivale geograficamente e em tamanho à disposição das palavras, ideia - amarelo, cabeça - verde, gente - azul, coração - vermelho; é mais um recurso criativo a ser explorado. O poema pode ser lido simplesmente substituindo uma cor por um nome e utilizando algum elemento integrador. Aproveite!























Um monte de idéia na cabeça, um monte de gente no coração
Um monte de cabeça na gente, um monte de coração na idéia
Um monte de gente no coração, um monte de idéia na cabeça
Um monte de coração na idéia, um monte de cabeça na gente
Um monte de idéia na gente, um monte de coração na cabeça
Um monte de gente no coração, um monte de cabeça na idéia
Um monte de coração na cabeça, um monte de idéia na gente
Um monte de cabeça na idéia, um monte de gente no coração
Um monte de idéia no coração, um monte de cabeça na gente
Um monte de coração na cabeça, um monte de gente na idéia
Um monte de cabeça na gente, um monte de idéia no coração
Um monte de gente na idéia, um monte de coração na cabeça
Um monte de idéia na cabeça, um monte de coração na gente
Um monte de cabeça no coração, um monte de gente na idéia
Um monte de coração na gente, um monte de idéia na cabeça
Um monte de gente na idéia, um monte de cabeça no coração
Um monte de idéia no coração, um monte de gente na cabeça
Um monte de coração na gente, um monte de cabeça na idéia
Um monte de gente na cabeça, um monte de idéia no coração
Um monte de cabeça na idéia, um monte de coração na gente
Um monte de idéia na gente, um monte de cabeça no coração
Um monte de gente na cabeça, um monte de coração na idéia
Um monte de cabeça no coração, um monte de idéia na gente
Um monte de coração na idéia, um monte de gente na cabeça.

Era para ser uma monografia...

Céu, Bethânia, Gil, Aydar
Kelsen, Guyomard, Altoé, Warat
Antunes, Marisa, Mautner, Ney
Sampaio, Kafka, Foucault, Reale
Lenine, Gonzaguinha, Sá, Adele
Lacan, Freud,  Birman, Le Gendre 
Vinícius, Calcanhoto, Baleiro, Drexler
Garcia, Otoni, Rosa, Caffé
Vanessa, Moska, Elis, Alçeu...
E eu... e eu... e eu....

Amo, amas, ama, amamos, amais, amam.
Bebo, bebes, bebe, bebemos, bebeis, bebem.
Clarisse, Caetano, Coralina, Chico
Doçes, dúvidas, dominós, discos.
E eu... e eu... e eu... e eu...

Amo. Brinco. Canto. Danço. Engendro. Fascino. Gosto. Homenageio. Ignoro. Jogo. Lembro. Manuseio. Navego. Opero. Questiono. Rastreio. Sinto. Tateio. Ultrapasso . Vasculho. Xereto. Zarpo...

Embriagai-vos! (Charles Beaudelaire)
(...)
- É a hora da embriaguez ! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embragai-vos sem cessar !
De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.

Abdias Nascimento, 14/03/1914 - 24/05/2011


OLHANDO NO ESPELHO - Abdias Nascimento
(Para meus netos Samora, Alan e Henrique Alberto)

Ao espelho te vejo negrinho
te reconheço garoto negro
vivemos a mesma infância
a melancolia partilhada do teu profundo olhar
era a senha e a contra-senha
identificando nosso destino
confraria dos humilhados
a povoar de terna lembrança
esta minha evocação de Franca


Éramos um só olhar
nos papagaios empinados
ao sopro fresco do entardecer


Negrinho garota negra
vivemos a mesma infância
nos cafezais brincamos
nas jaboticabeiras trepamos
chupamos a mesma manga e melancia


Éramos uma única ansiedade
à subida multicor dos balões
pejados de nossos sonhos e ilusões
Negrinho meu irmão
como te chamavas tu?
Felisbino Sebastião Geraldo?
Serias menina: Rosa
Negra Alice Tarcila?
Ou te chamarias Aguinaldo?


Lembro nosso emprego:
lavar vidros
entregar remédios
fazer limonada purgativa
limpar as sujeiras de uma farmácia


E aquele grito em nosso ouvido:
"-Acorda preguiçoso"? era o patrão
outra vez cochilaste reclinado ao chão
Assustados teus olhos dançaram
desgovernados pelas lágrimas
saltaste inutilmente lépido


Um dedo irrevogável
te apontou a porta do desemprego
assim regressaste
à casa que já não tinhas
na noite anterior morrera
tua pobre mãe que a mantinha


Negrinha garoto negro
sei que somos uma
prosseguimos os mesmos
ao abandono de nossa orfandade


Assim juntos e sem nome
devemos continuar nosso sonho
nosso trabalho
reinventando as nossas letras
recompondo nossos nomes próprios
tecendo os laços firmes
nos quais ao riso alegre do novo dia
enforcaremos os usurpadores de nossa infância


Para a infância negra
construiremos um mundo diferente
nutrido ao axé de Exu
ao amor infinto de Oxum
à compaixão de Obatalá
à espada justiceira de Ogum


Nesse mundo não haverá
trombadinhas
pivetes
pixotes
e capitães de areia



Buffalo, 1980

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sagradas labaredas.


Festa do divino.
Não era Europa, era Sertão.
Eu decorava o hino.
E seguia a procissão.

Quarenta graus no cortejo.
Entre anáguas e filós.
Ironia de Deus em nossas moleiras mal fechadas.
Nem pecado eu tinha direito e o sol já me castigava.

Pelourinho itinerante a me vestir.
O pezinho apertado dentro do sapato.
Subia e descia as ladeiras quase chorando, quase sorrindo
Faixas de panos e paus em dizeres proféticos.
Quase poéticos; diria patéticos.

Eu ficava no meio,
Os mais brancos e ricos na frente,
Os mais pretos e pobres atrás.
Todos em louvor.
Sem entender a mentira, ou mentindo sem entender.

Cabelos domados,

Pés latejando, 
beatas cantando e procissão seguindo.
O sol enfurecido sob as nossas cabeças.
As lágrimas caindo.

Entre fotografias e insolações.
Não sei o que doía mais em mim.

“Você já viu anjo preto?”
Era ruim ser mulher, era ruim ser preto, era ruim ser pobre.

Mas, Mãe...
Não era o vestido.
Nem a faixa.
Nem o hino.
Nem eu.

Tortura divina.
Olhos que jamais se enxugariam.
Não é raiva de ti.
É saudade dos meus cachinhos.
E da pomba branca que sempre cagava na saída.

Conclusões de Aninha (Cora Coralina)

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

Cora Coralina

Considerações de Aninha (Cora Coralina)

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
Cora Coralina

Aninha e suas pedras (Cora Coralina)

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Gracias...

Si lo tienes [amor]
no necesitas nada más.
Si no lo tienes [amor]
nada importa todo lo que tengas de lo demás.

(J.M. Barrie)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desejo...

Se eu quero?
Sim.
Se eu preciso?
Talvez não. Mas, porque quero, preciso.
Porque?
Se soubesse talvez pudesse dizer que não preciso, e pode ser que eu não mais o quisesse; ou quem sabe o quereria ainda mais...

sábado, 14 de maio de 2011

A moça dentro do espelho

Há alguma coisa em mim que não reconheço
Não sei se é o sorriso,
Ou se é o cabelo

São esses olhos.
São belos,
Mas não são meus.

Quem é você?
Porque me olha assim?
O que quer de mim?

Como entrou aí?
Ou melhor, aqui!
Isso está me deixando louca.

É o cansaço.
É só lavar o rosto um pouquinho e...
Como?

Devolva meu sorriso!
AGORA!!!!!!
Por favor...

Que brincadeira mais sem graça.
Não entendo mais nada.
Pra que essa maquiagem pesada?

Aonde você vai com meu corpo?
Ei, volta aqui!
Vai me deixar dentro do espelho?

É sério, já perdeu a graça.
Virou uma questão pessoal.
Quem sou você?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Deprê

Sei lá,
essa tristeza que não sei porque,
nem de onde.

Essa não vontade
a me desiludir;
atrasando os dias.

A odisseia sem prazer,
um ciclo sem fim
encapsulando tudo.

Valei-me meu São Benedito
que te tiro do armário
e te boto na mesa da sala de jantar.

Não deixa eu desistir
que nem gosto disso,
eu não sou assim.

O pior nem é não querer caminhar
é não gostar do caminho
e não fazer nada pra mudar

Me salva que eu não sou isso
dou três pulinhos pra você
e trinta pra Santo Expedito.

Valei-me! Pelos céus, valei-me.
Não é medo da morte,
é medo de mim.

Desenredo

Num burgo antigo do medievo.
Colheu flores e promessas.
Fez a barba, saiu cedo.
E desceu a ladeira com pressa.

Fez sorrir os lábios secos.
Das donzelas mais recalcadas.
Levou muitas para os becos.
Deixando-as bem ouriçadas.

Vestiu terno branco de linho
Despertou muitas paixões
E entre os copos de vinho
Colecionava corações.

Nem vassalo nem suserano
Fundou sua própria cidade
Não estava nos seus planos
Relegar a mocidade

Garanhão, quem por ti zela?
Findou sujo e sem carinho
Deixou raparigas e donzelas
Chorando pelo caminho

Fez sucesso o varão,
Nas vielas mais assombrosas.
Mas restou-lhe a solidão
Não o acompanharam nem as mais fogosas.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Enganando a morte.

Não chegue aos meus antes de mim.
Espere ao menos que eu volte.
Que passe um tempo:
Até eu matar a saudade,
Conferir as lembranças,
Falar do que fiz enquanto estive ausente,
Mostrar o quanto os amo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Homem bom.

Acorde cedo amor,
Vista seu sorriso mais bonito.
Fale das coisas simples que você vê com paixão
O mundo merece, a gente precisa.

Venha sem pressa amor,
Com seu perfume natural.
Veja as coisas com seu olhar mais doce.
Os homens carecem, Deus valoriza.

Caminhe sem medo, amor.
Com os seus passos mais calmos.
Recorde com carinho a lembrança mais terna.
O amor enobrece, a dor ameniza.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

(...) 07/09 (...) 02/05 (...)

Discursa-se com banca (- 7 + 9 = 2)
Mataram o homem (2 + 5 = 7)
Comemora-se na casa branca (7 – 9 = - 2)
Pobre homem (- 2 - 5 = - 7)
Não morreu o que o homem moveu (- 7 + 9 = 2)
Tão pouco o que moveu o homem (2 + 5 = 7)
Vive o homem (- 7 + 9 = 2 + 5 = 7 – 9 = - 2 – 5 = - 7 + 9 = 2 + 5 = 7)

domingo, 1 de maio de 2011

Amores

Amores vêm,
Amores vãos,
Amores como o seu
Sempre ficarão.