quinta-feira, 28 de outubro de 2010

D´zinloqceu

Kazkazi madam mamadi
Si vô mi per intom contrè
Vrom estraz sincrobion menito
Et sas veni som pur
Sentiga vest intec siv contre a mest esi vinon

Vigost zar seon bani
Naqsvit xicor dem avi atrois
Cebian verdi sanpar
Aven sacar istroin
Vian
Vian, veram, sibah

Etni, siam
Siam
Sas pur inton contrè
Bani sher viz etná shiróvs
Xinstróiq nitch mont

Veram, vian, sibah

Serviço de mensagens curtas...

Nunca serás o desencontro afastado.
Nesse mundo misterioso em que me jogo.
Em que há caminhos indefinidos, muitas vezes tortuosos...
Mas sempre com boas surpresas.

E independente disso,
Andando por todos os cantos,
Nunca poderei dizer que serás apenas um desencontro...
Abra um parênteses, não esqueça:
"A vida é a arte dos encontros, embora haja tantos desencontros na vida".

Sempre com boas surpresas.

Os melhores caminhos são aqueles que nos conduzem para o não lugar (Jair Oliveira)

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.

Antonio Machado

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Todos os hertz

Um dia escrevi coisas
Que hoje não escreveria
Publico para não perdê-las
Para não mentir que um dia as sentia

Amei alguém de verdade
E no fundo foi só vaidade
De alguém que comigo brincou

"Corta o tímpano
Atravessa sem pena
Evolui o sadismo
Querer te ouvir falar sem parar
Ainda que sejam coisas quaisquer
Bem distintas do que desejo ouvir
São importantes só por ser você quem as diz

E ouço...

Faz sua consultoria
E eu em minha agonia
Agonizo de amor, sozinha
Cumprindo o pacto de não falar
O que (de nós) pensar... ?
Retribuo com minha alegria
Misturada com a melancolia.

Eu cá no fundo do poço
Indico as canções
E por entre as frestas deixo escapar:
Ainda te desejo
Ainda te quero
Ainda te espero

Mas não ouve,
Finge não ouvir.
A confusão é fértil.
Apesar da seca
Ainda tem muita água no poço (parece sem fim)
E muitas flores para regar.

Só de pensar em te ouvir cantar
Imagino jardins
E é involuntário
Por entre os espinhos
Algo que não se vê em qualquer flor
E eu vi

É amor

Por céus e mares andarei
Sabendo que não haverão poetas nem reis
A me oferecer presente mais valioso
Que suas inusitadas visitas pela madrugada
Seu corpo suado, seus olhos de lince
E uma rosa solitária em agradecimento à sua melhor noite não durmida
Em oferta a algo que não consegui explicar

Por entre aqueles espinhos
Ninguém saberia me dizer
Qual a magia
O porquê da fantasia
De eu ter sobrevivido
Ao ouvir aquele velho me dizer

Todos os hertz a me dizerem
Que o que eu vi foi amor
Que eu não o esquecesse
Que ainda existem muitos céus e mares
E água suficiente para fazer brotar muitas pétalas de flor

Que eu adormecesse
Que a aurora iria me visitar no dia seguinte
Que eu acordasse
Que o dia traria motivos para ser feliz
Que eu sonhasse
Que os sonhos iriam se tornar realidade

Que eu realisasse
em hertz
em letras
melodias
teoremas

Pois é,
Virei poeta,
Compositora,
Cientista,
Só não consegui sair da condição de mulher apaixonada.
(Agora bem mais equilibrada).
E decidida.
Talvez enganada.
Mas, ainda acreditando...

É amor."

domingo, 24 de outubro de 2010

O ser é...

Eu: fruto do que admiro e do que me corrompe. Sou a crença na fé e na descrença
A terra e o asfalto.
A brisa seca, a úmida, a suave, a arredia.

Eu sou os restos do coração estraçalhado de saudade.
Sou o estardalhaço resultante do seu sorriso.
Sou os pulos do menino sedento de vontade.
Sou o desejo, o toque, o beijo.

Eu sou o meu Deus.
Meu anjo, meu demônio.
Sou tudo que falta em mim, o que me completa e o que me excede.
Sou os versos escritos na gaveta.
A oração perdida no tempo.

Eu sou o amor que desejei; que doei; que jurei.
Sou a mentira mais certa perdida nos olhos daquele que não me vê.
Eu sou a lua, sou o mar, sou o labirinto.
E sou também as trevas, a luz, a imensidão, o infinito.

Sou a abelha, o mel, a torre e o arranha-céu.
Sou o contexto, o sujeito e o predicado.
Oração mais que perfeita.
Eu sou a dor, o tédio, o horror.
Eu sou a glória, a alegria, a vitória, o esplendor.

Eu sou o fato, o feto.
De fato, afeto.
Um mosaico em fragmentos.
Quebrando um pouco a cada dia.
Tomando forma entre a cola e os cacos.

Eu sou a ausência de mim
Nos verbos de abandono e solidão
Sou a fuga da melancolia
A busca incessante pelos sonhos
Sou a paixão

Sou a vontade de ser
Sou quando nem posso pensar se sou
Sou o indefinível. O indecifrável. Aquilo que simplesmente é.
Minh´alma grita o ser dentro de mim
E eu sou

Sou a esperança de ser tudo aquilo que um dia eu quiser
Sou aquilo o que quis e quero
Ainda que mudasse alguma coisa se pudesse
Mas não há muito o que fazer
Simplesmente: sou!

sábado, 23 de outubro de 2010

Simplicidade do saber sincero

Não consegui desvendar
a maciez da voz
a ternura do olhar

Poder-se-ia dizer frágil
Não fosse a firmeza dos propósitos,
A hagilidade com os verbos
E substantivos, e advérbios, preposições.

Adjetivos, poderia usá-los aos montes
Para tecer elogios àquela inteligência
Doce saber provocante
Diria até, sedutor

Palavras suaves em propósitos firmes
Algo incomum no mundo acadêmico
Em que os gênios se engolem à procura de discípulos

Admiradores pretendendo a metamorfose
Tornarem-se futuros mestres
Cospidores de teorias e metáforas
Carentes da simplicidade outrora facilmente encontrada em suas perguntas de aprendizes

Vasculham a vasta gama de novos conhecimentos
Em busca de novos conhecimentos
Esquecendo de resgatar os antigos
Citando-os por amostragem,
Pelo desejo de elocubração sem fim

Esse desejo ali eu não via.
Busquei-o para desmistificar a maciez da voz, a ternura do olhar
E, ainda sem entender
Admirei a simplicidade do agradecimento
Parabenizando a simplicidade e a sensibilidade de outras palavras

E com poucas palavras
Falou-me que o recado fora sincero
E que chegara em bom momento
Sem maiores explicações

Despediu-se com beijos
Como quem não sabe o que são
Ou como quem os usa por hábito
Deixando escapar quase que incoscientemente um carinho sutil

Sutil como a voz macia e o olhar terno
Os propósitos firmes e as palavras suaves
O agradecimento simples e despretencioso
Como esse escrito.

Um outro elogio
À simplicidade do ser
Traduzida em palavras
E recado sincero.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Convide-me a um brinde!


Copo cheio, copo vazio. Copo a ser esvaziado, como a ser cheio.

...E essa desculpa em inventar datas para celebrar a vida? Convenções que disfarçam nada mais, nada menos que a vontade de reunir pessoas queridas para beber, sorrir, falar besteira e não se preocupar com os afazeres inadiáveis do cotidiano. Carnaval passou, pensa-se no São João; São João passou, iniciam-se os ensaios do carnaval. Entre essas festas, as festas principais que talvez passem despercebidas: aniversários, babas, filmes, encontros despretensiosos (ou não), saidinhas com os amigos, saidinhas com os paqueras, saidinhas da rotina. Saindinhas: pequenos deslocamentos em busca do princípio do prazer, amortizador do princípio da realidade.

Cortamos o tempo em fatias suficientes para tornar os sofrimentos digeríveis. E assim ele fica cada vez mais curto (o tempo). Embora muitas vezes não consigamos distinguir a essência da vida para torná-la o essencial, brindemos à nossa capacidade de comemorar! Que essa felicidade homeopática seja capaz de nos entorpecer durante esses momentos de abandono da razão.

Que não nos falte o convencimento das possibilidades: os sonhos...

Que na complexidade da vida os gestos simples sejam suficientes para nos dar prazer, ainda que muitas vezes não nos dêem razão.

Viva a vida. Boas festas.

Porque o dia começa e termina, todo dia, com um fechamento peculiar, ainda que sem os dias que se passaram ou sem os dias que virão o dia vigente não se complete. Todo o dia que começa, e termina, pode ser uma festa, que começou ontem e termina amanhã. É um ciclo, e porque não um circo. Deixemos a fantasia desfigurar os limites da circunferência.

Só depende de você.

Portanto, um brinde!

domingo, 17 de outubro de 2010

Oração de amor pagão

É assunto proibido
E a gente se ama escondido
Na área de serviço
E também na sala de star.

Bendito amor bandido
Rouba-nos todos os sentidos
Ignoramos os perigos
E voltamos a nos procurar

Tem piedade, Senhor
De dois cristãos batizados
Ungidos e abençoados
Nascidos para pecar

Guarda-nos a boa morte
Ou talvez uma melhor sorte
Nessa vida de desventuras
Vítimas de um amor pagão

Se faltou-me sacrifício
Perdoa, ó Pai, o vício
Desses humanos desregrados
Que insistem na paixão

O amor é bom pedido
P´rum casal de desvalidos
Magoados, ressentidos
Que não consegue se afastar

Meu Deus, te procuro pela fé
Por meu querer incontrolável
Pelo feitiço inafastável
Se não for reza é maldição

E a gente vivia junto
Sem muito conforto nem muito luxo
Naquele pequeno conjunto
Onde nunca pensamos morar

E a vida era tão bela
Pelos becos da favela
E a batalha de cada dia
Vinha Deus abençoar

As casinhas são pequenas
Com quintal e com varanda
Espaço que dá e sobra
Pra gente poder se amar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Vara de tóxicos – Rito especial sumário. Mais um entre os ordinários.

Pedido de relaxamento negado.

Já cumprira um sexto da pena, tinha direito à progressão de regime, iria para o semi-aberto.

Lembraram-lhe do direito de permanecer calado. (O que não iria fazer muita diferença já que ele não entendia muitas das coisas que aconteciam ali, e o advogado provavelmente o teria aconselhado a ficar calado. Então, mesmo que quisesse falar não poderia ultrapassar o inteligível e o combinado).

Falou apenas que aquilo que diziam não era verdade...

- ... estava dormindo na casa da minha irmã quando os policiais entraram e procuravam algo. Encontraram celulares, monitores, mas não encontraram drogas, barbantes, sacos plásticos, barbantes. O dinheiro que eles acharam era da minha irmã que ia comprar uma casa.

Perguntaram quanto ele ganhava; respondeu: - 50 a 60 reais por dia; era motoboy. Autônomo.

Se nunca tinha sido preso ou processado criminalmente

- Primeira e última.

Se era usuário de drogas.

- De maconha.

Ainda tentou dizer que apanhou muito na delegacia, mas não deram muita importância. Era normal.

Entram as testemunhas e prossegue-se o rito.

Sem muitas perguntas, nem da defesa, nem da acusação, nem da juíza. É como se todos soubessem exatamente o que tivesse acontecido. Agiam com uma harmonia misteriosamente interessante.

E é um tal de riso sem razão que até agora não consegui entender racionalmente. Restou-me a intuição de caracterizá-lo como desespero.

O réu com roupas da Nike e Adidas, provavelmente falsificadas (é o que penso; talvez não sejam), o advogado de terno, os policiais fardados, com todas as suas armas, a promotora de vermelho, combinante do batom às unhas, e a juíza, tão frágil, tão pequena, tão poderosa com as suas roupas de grife, que provavelmente sonegou alguns impostos; e nós, estagiários, vestidos a caráter: aprendizes do poder.

Ainda mantiveram um discurso velado de que aquele era um peixe pequeno. Sabiam que a ressocialização era um mito e, por mais de demonstrassem vontade de mudança, seguiram o rito, ordinário rito (não em procedimento, mas em qualidade).

Loucos para ir embora reduziam o número das testemunhas, das perguntas, da performace. Todos ali sabiam que aquilo era um teatro apenas, pró-forma. E pior, sem ápice, sem catarse, sem surpresas.

No mesmo cubículo muitos vilões; por motivos e (in)compreensões diversas. Muitos criminosos em diversos níveis. 

Coitados daqueles para os quais se retira a venda para punir.

Por uma questão de ordem, quase que de saúde mental, fomos embora sem muitas perguntas. Conformados, desiludidos, tristes, revoltados, desesperançosos. Ordinários.