sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Homenagem a Waldick Soriano

Se ser brega é ser feliz quero ser brega até morrer

Esse texto não vislumbra um caráter descritivo, tampouco qualquer narrativa aqui presente pretende limitar a grandeza de um Caetiteense que marcou a história da música nacional. Constitui apenas uma homenagem expressa a Eurípedes Waldick Soriano, nascido em 13 de maio de 1933 em Brejinho das Ametistas, na cidade de Caetité, e eternizado em nossos corações.

Conhecido nacionalmente como o rei do brega, Waldick estreou uma vida boêmia e se orgulhava de ser um rapaz bastante namorador. Não conheci Waldick pessoalmente, mas falo com propriedade que ele deixou fãs eficazes na transmissão contraditória dos seus sentimentos mais exóticos e, ao mesmo tempo, bastante comuns. Suas músicas cantadas, avidamente, não me deixaram “esquecer” desse fenômeno da música brasileira. Dentre os seus fãs está a minha avó que, a título ilustrativo, aos 75 anos, em maio 2007, (para ser mais precisa, no dia 26) foi até a AABB de Caetité, apreciar seu conterrâneo.

A procura de fundamento teórico para escrever esse texto, li em alguns lugares que “na sua cidade natal, Waldick sempre foi tratado com certo menosprezo”; o que, de certa forma, admirou-me, pois, ao contrário, em minhas lembranças ficaram as cantorias, rodas de violão e luais ao resgate ao bom o velho brega. No entanto, apesar da minha jovem memória não ter presenciado essa fase de repúdio à música “Waldickiana”, fico feliz em saber que pudemos nos retratar a tempo e demonstrar a grande admiração pelo seu trabalho, carisma e criatividade.

Alguns dizem que ele é cafona, outros, original, muito embora o importante seja que, mesmo em face a tantas dificuldades, retaliações e preconceitos, Waldick transgrediu. E transgrediu com alegria e com paixão; para muitos, transgrediu mergulhado em uma intensa “dor de cotovelo”. Cabe aqui, além do silogismo implícito no título, um axioma: a saudade é a presença do que se faz ausente.

Você não virou viaduto Waldick, me alegra ver que Caetité ainda não cresceu a esse ponto, mas virou rua (Avenida Waldick Soriano), virou lembranças, virou saudade, virou música. E, mesmo não tendo a certeza em saber para onde vai uma música após o acorde final, hoje sabemos “QUEM ÉS TU” e nos orgulhamos em dizer que ÉS um dos filhos ilustres de Caetité e queremos que a sua “dor-de-cotovelo” doa por muito tempo em nossos ouvidos. “Waleu” Waldick.

Saudades.


(Ana Míria Carinhanha)

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