terça-feira, 4 de junho de 2013

Sedutor

Eu daqui te mirando com meus olhos de garça,
Você vê e disfarça,
Se faz de sem graça
E sorri como quem entendeu tudo
Olha para baixo por um tempo quase nulo,
E se volta para fisgar os movimentos involuntários em meu rosto,
A boca contrai, a pupila dilata.
Não sei bem dissimular
Arrumo o cabelo,
Passo a mão na testa,
Tiro um cílio inexistente do canto do olho buscando voltar,
Mas me perco em seu sorriso,
Que já tão perto de mim me traz mais confusão
Não é só você que se aproxima,
Uma energia incontinente me arrasta para os seus lábios,
Não vejo mais nada,
Todos os sons se misturam em um ruído não identificado
E você se encosta ainda mais e toca meu rosto com uma ternura desnecessária
Para quem quer apenas falar ao ouvido e evitar os barulhos do bar
E procura a sua voz mais doce para nem falar tão alto,
Eu não entender faz parte do jogo.
Se aproxima ainda mais
E seus lábios me tocam
As pessoas até pensariam que era para ser sem querer,
Mas sua mão possuindo o meu rosto de um lado
Conta mais segredos que a sua boca do outro
Em vão eu resisto,
Sua outra mão me toma pela cintura,
Já não consigo contar quantas mãos você tem,
Cada uma delas cheias de tanta vida, quentes,
Deslizando em meu corpo o lendo em braile,
Os poros respondem,
Sinto-me enfeitiçada,
Meus olhos se fecham, me inclino,
Sinto um calafrio na espinha,
Prendo o suspiro,
As pernas vacilam,
Abro os olhos e inspiro mais forte do que previa
Expiro pela boca e o coração acelera
Sou minha auto-refém
E quando você percebe que venceu todas as minhas defesas eu ouço:
- O bar está cheio hoje, não é?
Como por engano, antes de se despedir do meu rosto, a sua mão ainda toca os meus lábios entreabertos
E você sorri perverso como quem diz: - Está vendo como você ainda me quer?
E no fim das contas mesmo sem ter dito nada,
Meu corpo foi um tagarela traidor.


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