Saudade é cupim nos meus tecidos
Roendo cada fio,
Deixando buracos nos pedaços de malha,
Nas carnes de brim, nos cortes de veludo.
Saudade é auto-boicote
Tortura a memória,
Não deixa a criança brincar,
Tornando os dias discretamente chuvosos.
Saudade é âncora que não fixa nas pedras,
Deixa o barco à deriva,
Ao sabor das ondas,
Ao béu prazer das marés.
Saudade é sintoma de doido,
Divide a pessoa em muitas metades,
E não as deixam se unir,
Sempre falta uma parte.
Saudade, bicho indócil que me corrói,
Não te desprezo pelo estrago que faz,
Esvazia o meu templo mais seguro,
O meu melhor me falta.
E é o que você consome,
Que me destrói e me consola,
Os meus pedaços mais nobres
Ficam entre amigos.
sábado, 10 de agosto de 2013
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