sexta-feira, 2 de julho de 2010

111

Me veja como um bicho
Me trate como um lixo
Sou o produto do rejeito
Do dejeto da fome

Receio estar condenado
A viver como resultado
De seus métodos
Pela falta de recreio nas horas

Que eu seja nada além das mágoas trazes contigo
E queres roubar os meus sonhos
Cansei de ser um alvo fixo
Cresci prolixo
Ou pro lixo?

Não sei, preciso me repetir
Saber por onde ir
Feito de favela não tem nome
Assim ninguém nota quando some

Então faça a soma
Some a soma do que somos
100 infância
10 preparado
1 fudido

Subtraio o sorriso da cara do inimigo
Divido entre os meus erros e as verdades dos teus livros
Nada além da soma do que somos...

Some e assume
O extraordinário como cotidiano
Quando
Todo o dinheiro ou seus donos
Já não somam mais

Que o futuro dos seres humanos
Hermanas, hermanos
Todos pobres, guerreiros
Tão podres, tão pobres

E a soma do que somos
Torna-se a soma de nossos sonhos
O resultado de uma suposta igualdade entre os homens
Uma ilusão

(Para fazer esse poema me apropriei da obra primeira 'A soma do que somos' de Preto Ghóez. Atenciosamente, Ana Míria Carinhanha).

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