quarta-feira, 6 de abril de 2011

Galanteios abortados

Combinava infância e pecado de um jeito só seu.
Molhavam lábios
As curvas do plebeu.

Os pelos negros sobre a alvez de sua candura
Fizeram-me desejar...
Quanta loucura.

Água escorrendo por entre os dedos;
Passava veloz pelas escadas;
Vertia pelos degraus, e eu tinha sede.

Muita curva para pouca reta.
Essa noite não dormiria;
Imaginando... me tocaria.

A culpa era sua;
As curvas, suas;
A vontade, minha.

O desejo, meu;
O gracejo, seu;
O super ego, Deus.

Os grandes Outros jamais nos permitiriam.
Falam de impureza,
De aberração da natureza.

Lascívia, perversão.
Como posso eu culpar-me,
Por mexer-me o coração?

Sua beleza me tortura.
"Ah, bruta flor do querer,
Ah, brota flora, bruta flor".

Entendo Caetano,
E entendo também a Frankie Valli:
"Can't take my eyes off you"

Não me vê e preciso falar.
Mas se abro a boca,
Muitos vem tentar-me calar.

Não te conheço, é verdade, por isso demonizam minha vontade.
E paro nas prescrições ilegítimas da sociedade.
Não compreendo. Não a essa brutalidade.

Queria beijar-lhe,
Dar-lhe carinho,
Coisas que um desconhecido não faz.

Que faço eu
Pobre moça,
Sofrendo de vontade por um belo rapaz?

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