domingo, 10 de março de 2013

Mãe, eu queria ser poeta

Ler durante a madrugada,
Dormir de dia,
Embriagar,
Escrever,

Eu queria sentir a lua
Se levantar pela minha janela,
Enquanto eu a descrevia
Em minha narrativa estupenda e vadia.

Queria acompanhar-me da solidão dos poetas,
Que fazem coisas exóticas em noites frias,
Que fazem coisas banais em noites frias,
Mas todas elas com poesia.

Eu queria amar como um poeta,
Demonstrar meu escárnio na falta de rima,
Sofrer em cada sílaba,
Corresponder todos os amores,
Sem nunca enterrar o amor não correspondido.

Eu queria morrer como um poeta,
Vícios, melancolia, cores, nostalgia,
Uma leitura equivocada do mundo,
Sob o canto dos mandarins.

A chuva na cara,
Um girassol na lapela,
Cartas para desconhecidos
Na garupa da bicicleta.

Não tem coisa melhor no mundo que vida de poeta,
Desafiar a ordem natural das coisas,
Viajar em campos desconhecidos,
Querer terminar como aprendiz.

Ah, se um dia eu for poeta,
Eu vou fazer uma poesia sobre um trajeto que eu fazia,
De como eu arrancava a flor da graxeira que ficava do lado da igreja
E entregava para minha avó todo dia de tarde quando eu voltava da escola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário