domingo, 28 de abril de 2013

Ainda sobre a saudade III

É difícil acostumar-se com a ideia de que não cabe tudo na mala: os amigos, o cachorro, a avó, os livros...
Tem quase um ano que estou longe de casa e nem usei tudo o que eu trouxe naquelas duas malas de trinta quilos. Confesso, muitas das coisas foram supérfluas, ou não serão usadas, ou não fará tanta diferença se eu vier a usá-las. Como eu aprendi o conceito de supérfluo contudo é uma lembrança bem mais útil: estávamos minha mãe e eu no mercado para fazer as compras do mês e eu sempre colocava no carrinho iogurtes, bolachas recheadas, salgadinhos, sandálias coloridas, refrigerantes, e depois minha mãe vinha tirando tudo me dizendo que era supérfluo. Muitas coisas nós levávamos para casa, mas não tem nada que eu me lembre mais do que ela me ensinando o que deveria e o que não deveria entrar no carrinho a cada compra.
Quando decidi vir morar em Bruxelas eu pensava que eu tinha ideia de como seria, mas na verdade nunca parei para tentar realizar como seria essa experiência. Geralmente não penso muito como vai ser o meu futuro, mesmo quando isso significa para o senso comum tomar uma decisão importante. Ainda não sei dizer se isso é bom ou se é ruim. Normalmente me sinto feliz, apesar da saudade que me consome...

Nenhum comentário:

Postar um comentário