terça-feira, 14 de maio de 2013

Quem era aquele homem?

Quis perguntá-lo onde poderia reencontrá-lo, mas não o fiz.
Não tinha muita esperança nos olhos, aquela tristeza fisgou algo em mim.
Mais um sentimento de curiosidade que de admiração, seu silêncio me inquietava.
E não é porque seus olhos eram tristes que demonstravam estar perdidos.
Eles sabiam exatamente o porquê de estarem cabisbaixos.
Não sei se era decepção, resignação, perda, fracasso...
... não consegui ler aquele homem de olhar triste, porém caloroso.
Pelo jeito que me olhava eu percebi que ele entendia as minhas questões.
Via a sua inteligência em seu olhar. Parece idiota, mas é óbvio.
Ele desceu do ônibus e me dirigiu um sorriso como quem quis: não se preocupe.
Essa conversa sem palavras me rendeu mais que a vontade de conhecer a sua voz além do seu sorriso.
Não sei nem a língua que ele fala, não sei nem se ele é mudo, não sei onde ele mora, se tem família, esposa, filhos, se trabalha, qual o tipo de bebida que ele gosta mais...
Poderia inferir várias coisas apenas pelas roupas "normais" que ele usava, e ao mesmo tempo essa "normalização" não me permite ir muito longe em minhas interpretações, até porque o que ele tinha de mais singular era o olhar.

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