quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Comptine d'un autre été

Por muitas vezes já vivi essa sensação de estar presa em uma música,
Mas essa me acompanha de maneira singular:
Comptine d'un autre été de Yann Tiersen, é lá que me encontro há mais de um ano.

Já conhecia a canção antes de me aprisionar e não sei exatamente o que mudou desde que me descobri ali
Não sei a causa, se por vontade ou distração, mas gosto de ter esse refúgio onde minha alma se abandona,
A queda é livre, constante e infinita,

Sentir o vento me faz compreender as dimensões do meu corpo
Tocar seus ares com a ponta dos dedos enquanto caio...
... brincar de revirar... rajadas no rosto, golfadas na nuca...

Pausas despretenciosas, mortais,
Fusas, semi-fusas, colcheias, fermatas,
A itensidade percussiva nas teclas,
a alternância de graves e  agudos...

Emudeço,
Preciso parar, fechar os olhos,
Respirar...
Ar... é tudo ar em volta de mim

A predominância de agudos se impõe,
O chão está próximo,
A aceleração rompe a constância
Todos os hertz a me aletar do tombo

Mas os graves vêm em minha defesa,
Lançam teias sob o meu corpo que se quebram enquanto caio
E me amortecem, me acolhem, me abraçam,
Por um instante flutuo e a queda se anuncia pouso

A mão esquerda prepara o final do mergulho,
A direita aponta o caminho,
A respiração se reorganiza,
Inter-calada.

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