quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Das loucuras

As loucuras que às vezes me visitam,
Conversam comigo, choram, gritam,
Depois vão embora e me deixam só.
Não sem traumas, mas também sem cobranças,
Liberdade que gosto de ter.

É por isso que deixo que venham,
Porque elas vão e voltam,
Sem que eu as convide,
Sem que se despeçam,
Sem que me limitem,
Sem que me subesmitem.

Uma delas é cega e a outra é surda,
Irmãs que andam juntas não só por complementaridade,
Se amam,
Mas também brigam
Muito

É bonito quando elas se preocupam comigo,
Se estou triste e choro
Uma delas me põe lápis e papel na mão e pede que eu escreva,
Ou me traz os estojos de tinta e as telas.
É surda essa minha loucura

A outra se irrita, não pode ver, não pode ler...
É mais agitada...
Pede que eu toque, que eu cante, que eu dance com ela,
Então ela me toma pelas mãos e me embala,
Já viramos muitas noites juntas.

Ah, como eu amo as minhas loucuras,
Cada uma em suas limitações,
Me dão tato,
Me constroem chão.





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