sexta-feira, 11 de junho de 2010

Menino erê.

Menino moreno dos olhos certeiros
Deu-me um poema, milhões de motivos.
É dessas pessoas que não encontramos todos os dias na vida.
Lindo. Falava de uma moça desafortunada de sorte.
Do seu destino nem tão alegre, mas não menos belo por ser triste.
Amor ao longe, a dor tão perto.
Queria compartilhar a beleza da tragédia da moça:
Perdeu-se do próprio nome. Dos palácios às ruas, das ruas ao nada.

E pensou em mim.
Feliz por ter me escolhido, quis vesti-lo eu de sonhos.
Não pelos seus beijos, não por ter aberto meu vestido.
Muito menos pela desgraça de Gisberta.
Chamou-me sensível.
Longe de desmerecer aquilo que se considera frágil.

Falei que não precisava nem gritar,
Que eu estaria atenta ao seu mais breve sussurro.
E vi a noite dançar a balada que ele compartilhou comigo.
Ah, moço moreno, barba fechada, sorriso impecável.

Olhe para frente. É impossível não se apaixonar por seus olhos.
Tanta beleza, tanta tristeza, tanta alegria.

Fico feliz, menino, por te querer tanto bem. E ver em você um pedaço de mim.

Esse palhaço que se faz platéia para só para rir junto.

O céu vem te buscar num futuro de luzes.
E pode deixar que o fim espera. Ah, se espera.

Escolha a avenida onde quer dançar.
Prefere ser mestre-sala ou tem outro desejo?
Pode brilhar à vontade esse brilho que é só seu.
Viva o homem que você é; acredite no homem que você quer ser.

Vai moreno, sem medo.
Trilhar esse caminho cheio de pedras, cheio de estrelas.
O pó das sandálias sai na corrida,
No atrito da sola com o chão.
Vão te abraçar.
Te dar onde morar. Casa, comida, colchão.

Quão belos esses olhos.
Cheios de perdão e bondade.
A infância não se perdeu de você.
Carrega-a nesse caminho.
Caminho de erê.
Porque o amor está tão perto.
Tão perto.
O amor está em você.

(Ana Míria Carinhanha)

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