sexta-feira, 10 de julho de 2015

Operações catárticas

Guarde para mim um carinho só 
Que se destaque do seu medo
Onde você se esparrame sem pressa 

Deixe o meu olhar repousar em seu sorriso 
Tímido e frágil como um brinquedo 
Para que eu me perca sem volta 

A gente aconteceu por acaso e foi bom 
Sair da rotina, poesia sem rima, canção sem refrão, 
Gosto das suas oscilações e odeio a sua antecipação
Me cala, me fere, me silencia 

Queria sonhar um dia nosso espaço 
Amortecer nossas quedas em abraços 
Feito redemoinho, ventania, tufão 
Areia jogada ao vento no meio do furacão 

Mas o longe nos habita, nos impossibilita, 
Nos traga entre os quilômetros dessa estrada amarga 
Entre o sertão e o mar 

Somos pássaros sem ninho ensaiando vôo
Perdidos no tempo
Engolidos pela velodidade 
Subestimados pela aceleração 

Qualquer um diria que foi rápido demais 
Mensagens, telefonemas, crises, jornais
Literatura barata, poesia marginal 
Branco no preto, o bem e o mal 

Desejos e brincadeiras conjugaram juntos verbos intransitivos 
O amor nasceu, cresceu e morreu prematuro, 
Não transitou pela infância, 
Não escutou discos,
Nem arranhou os joelhos.

Sinto não ter sentido o calor da sua respiração, 
a doçura do seu toque, 
o frescor do seu perfume. 
Lembranças que criei enquanto te conhecia 
E sem saber te queria. 






Um comentário:

  1. Também não sei ri-mar



    Te confesso não saber amar
    [mulher!
    Então,
    Me deixa tocar o mais doce dos teus cantos
    Sentir teu ritmo
    Teu arfar cadente até que a voz pulse
    trêmula
    de prazer.

    Me deixa sugar o mais doce dos teus cantos
    Pra virar poesia o que eu não sei dizer.
    Que nessa travessia entre o riso e o desejo
    [Navego nas vinhas de Dionísio]
    E só o que resta é me perder.

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