Que se destaque do seu medo
Onde você se esparrame sem pressa
Deixe o meu olhar repousar em seu sorriso
Tímido e frágil como um brinquedo
Para que eu me perca sem volta
A gente aconteceu por acaso e foi bom
Sair da rotina, poesia sem rima, canção sem refrão,
Gosto das suas oscilações e odeio a sua antecipação
Me cala, me fere, me silencia
Queria sonhar um dia nosso espaço
Amortecer nossas quedas em abraços
Feito redemoinho, ventania, tufão
Areia jogada ao vento no meio do furacão
Mas o longe nos habita, nos impossibilita,
Nos traga entre os quilômetros dessa estrada amarga
Entre o sertão e o mar
Somos pássaros sem ninho ensaiando vôo
Perdidos no tempo
Engolidos pela velodidade
Subestimados pela aceleração
Qualquer um diria que foi rápido demais
Mensagens, telefonemas, crises, jornais
Literatura barata, poesia marginal
Branco no preto, o bem e o mal
Desejos e brincadeiras conjugaram juntos verbos intransitivos
O amor nasceu, cresceu e morreu prematuro,
Não transitou pela infância,
Não escutou discos,
Nem arranhou os joelhos.
Sinto não ter sentido o calor da sua respiração,
a doçura do seu toque,
o frescor do seu perfume.
Lembranças que criei enquanto te conhecia
E sem saber te queria.
Também não sei ri-mar
ResponderExcluirTe confesso não saber amar
[mulher!
Então,
Me deixa tocar o mais doce dos teus cantos
Sentir teu ritmo
Teu arfar cadente até que a voz pulse
trêmula
de prazer.
Me deixa sugar o mais doce dos teus cantos
Pra virar poesia o que eu não sei dizer.
Que nessa travessia entre o riso e o desejo
[Navego nas vinhas de Dionísio]
E só o que resta é me perder.