sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um sim em som

Depois de dois anos, escutar a sua voz em cantoria me traz lembranças tão boas. Seus tons são doces, seu som me abraça, contudo "naufraga o cais, bem perto do porto, na porta do quarto e sai tão só". Padecemos do mesmo mal, meu bem, e sinto chamar-te de amigo. Poderia te chamar de amor, pois o amo e sabes disso. Gosto do jeito que você me olha, do carinho que você me dedica, do seu toque, seu cheiro, seu falo. O nosso erotismo é belo, intenso, sutil. Lembro do beijo que te roubei, do primeiro. Sua barba mal feita arranhando o meu rosto, seu dedilhar em minha cintura, seu eregir. E a gente sorria, como criança que cai no meio da correria. Pensávamos que seria o último, mas não seria. Apesar de afirmar que nos encontramos, de lá para cá foram tantos desencontros. Entre partidas e enlaces nos cuidamos, amamos, afastamos, enciumamos, humanos. Essa simplicidade em compreender nossa tara traduzida em risadas e zomberia não é só mais um jeito de disfarçar a heresia, é amizade, é tesão, é verdade. Ainda guardo o cântaro que você me deu.

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