quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Convide-me a um brinde!


Copo cheio, copo vazio. Copo a ser esvaziado, como a ser cheio.

...E essa desculpa em inventar datas para celebrar a vida? Convenções que disfarçam nada mais, nada menos que a vontade de reunir pessoas queridas para beber, sorrir, falar besteira e não se preocupar com os afazeres inadiáveis do cotidiano. Carnaval passou, pensa-se no São João; São João passou, iniciam-se os ensaios do carnaval. Entre essas festas, as festas principais que talvez passem despercebidas: aniversários, babas, filmes, encontros despretensiosos (ou não), saidinhas com os amigos, saidinhas com os paqueras, saidinhas da rotina. Saindinhas: pequenos deslocamentos em busca do princípio do prazer, amortizador do princípio da realidade.

Cortamos o tempo em fatias suficientes para tornar os sofrimentos digeríveis. E assim ele fica cada vez mais curto (o tempo). Embora muitas vezes não consigamos distinguir a essência da vida para torná-la o essencial, brindemos à nossa capacidade de comemorar! Que essa felicidade homeopática seja capaz de nos entorpecer durante esses momentos de abandono da razão.

Que não nos falte o convencimento das possibilidades: os sonhos...

Que na complexidade da vida os gestos simples sejam suficientes para nos dar prazer, ainda que muitas vezes não nos dêem razão.

Viva a vida. Boas festas.

Porque o dia começa e termina, todo dia, com um fechamento peculiar, ainda que sem os dias que se passaram ou sem os dias que virão o dia vigente não se complete. Todo o dia que começa, e termina, pode ser uma festa, que começou ontem e termina amanhã. É um ciclo, e porque não um circo. Deixemos a fantasia desfigurar os limites da circunferência.

Só depende de você.

Portanto, um brinde!

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